Nos últimos anos ficou comum a alcunha pejorativa dos partidos
políticos e até mesmo dos seus eleitores, tais como: “esquerdista safado”,
jumento, gado, direitista fascista etc. Todavia, muitas vezes as ofensas acontecem
sem a compreensão dos termos corretos, tão quanto a diversidade de posições que
existem entre os dois polos do espectro político nacional.
O termo esquerda e direita surgiram na França na época da
Revolução Francesa, quando os membros da Assembleia Nacional se sentavam em
grupos conforme a ideologia dominante, assim os conservadores que apoiavam o
rei ficavam à direita e o grupo simpatizantes da revolução e presidente à
esquerda.
Todavia, como todo e
qualquer conceito, essa divisão ideológica dos partidos políticos sofreu mudanças
de acordo com as mudanças das sociedades e a geopolítica mundial. Durante a Guerra
a Fria, o mundo polarizado entre as duas potências EUA (capitalista) e URSS
(comunista) praticamente impôs uma dualidade, ou seja, praticamente tínhamos os
defensores do capitalismo ou do comunismo, porém com o fim do bloco soviético e
a derrocada do comunismo novos cenários surgiram.
Assim como, o mundo ganhou um cenário multipolar, ainda que os
EUA sobressaiam como única superpotência mundial, o Brasil saiu da ditadura
militar e ganhou novos partidos, inclusive aqueles que defendiam o comunismo,
os quais estavam atuando clandestinamente devido a proibição e perseguição
durante os governos de Getúlio Vargas e os militares (1964-1985).
Desta forma, o Brasil saltou de dois partidos (ARENA e PMDB) no
início da década de 1980 para 33 em 2020 e ainda conta mais de 70 em processo
de formação deles. Assim, saímos da dualidade partidária para um universo
complexo de partidos com nomes exóticos ou uma confusa “sopa de letrinhas” que
abreviam os grandes nomes das siglas.
Dentro dessa enorme variedade de partidos, temos também uma
grande diversidade de ideologias, por isso, resumir esse espectro somente entre
esquerda X direita é uma visão restritiva ou desconhecimento das vertentes
existente.
Atualmente, a esquerda liga-se mais a questões sociais e
trabalhistas, enquanto a direita apresenta um cunho de liberalismo econômico e conservadorismo,
principalmente em questões que contemplam visões religiosas, mas entre as duas
pontas desta régua (esquerda-direita), percorremos grupos extremos (esquerda e
direita), centro-esquerda ou centro-direita ou centro.
Embora, tenhamos aqui usado uma forma de classificar os partidos
em cinco grupos entre a extremas direita e extrema esquerda, devemos lembrar
que entre as mais de três dezenas deles registrados no Brasil, podemos perceber
ainda nuances distintas entre todos. Do mesmo modo, que internamente eles possam
apresentar grupo de partidários com concordância em vários pontos, mas com
divergência de ideias em outros, assim como o próprio partido pode apresentar
algumas pautas mais sociais e outras liberais-conservadoras.
Normalmente mais abertos ao novo e menos ligados a pautas conservadoras,
os partidos de esquerda brasileiros acabaram incluindo grupos normalmente
minoritários e ou excluídos nas suas conhecidas ideologias de igualdade social
e proteção do trabalhador. Por outro lado, o discurso da direita inclui o
liberalismo econômico com a redução do Estado, autorregulação econômica e
trabalhista, e conservadorismo baseado nos preceitos religiosos, no caso brasileiro
o predomínio dos conceitos cristãos (católicos e protestantes).
No entanto, os extremistas,
tanto de esquerda quanto de direita, “tendem” a possuir uma visão mais “extrema”
ou inflexível das suas posições, muitas vezes não respeitando as diferenças,
negando as demais perspectivas e até agindo com violência contra os “adversários”,
tais como o fizeram: Fulgencio Batista, Costa e Silva, Pinochet, Hitler, Salazar e Mussolini
(direita) ou Stalin, Lenin, Chaves, Maduro, Mao Tsé-Tung e Fidel (esquerda).
No Brasil o grupo do centro passou a ser confundido com a
designação “CENTRÃO” adotada para indicar o grupo de congressistas e partidos
que não seguem uma ideologia clara e muitas vezes sendo apontados por seguirem
a lógica do “quem dá mais”, ou seja, flutuam entre apoio ou oposição ao governo
conforme acordos envolvendo cargos políticos com acesso a recursos financeiros.
Portanto, além da confusão habitual que o brasileiro faz alocando
todos os partidos de esquerda como comunistas, sendo que a maioria deles adotam
uma ideologia social democrata e somente uma pequena parcela são seguidoras das
mesmas visões de Marx, Stalin ou Castro, também confundem um posicionamento
ponderado entre os dois blocos com o grupo denominado de “Centrão” e por fim,
interpretam suas visões religiosas com a visão de cidadão, atuando quase de
forma impositora sobre aqueles que não seguem a mesma fé, flertando com um
Estado teocrático aos moldes dos aiatolás islâmicos do Irã.