sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ENTRE A ESQUERDA E A DIREITA EXISTE MUITO MAIS QUE O PMDB



A eleição presidencialista brasileira deste ano (2014) trouxe um debate acalorado em proporções e temas que nunca foram visto, com destaque evidente para a discussão ESQUERDA versus DIREITA ou como pejorativamente são denominadas de ASSISTENCIALISTA X MERCADO. Não menos discutido do que o posicionamento individual ou qual partido representa Esquerda ou Direita, ou ainda, o que seria estas posições dentro das perspectivas Socialista ou Neoliberal.
Primeiramente, adentremos no mote socialista, o qual sinaliza para uma sociedade mais justa e igualitária, porém cabe lembrar que não existe unanimidade de pensamentos dentro do socialismo, assim como ao longo da história ele desenvolveu correntes distintas, ou seja, Socialismo Utópico e Socialismo Científico, na qual o primeiro idealizaram alguns modelos de organização social e o segundo baseado em estudos científicos propôs pelos filósofos alemães Marx e Engels uma mudança na organização política, social e econômica da sociedade.
Atualmente, podemos distinguir algumas vertentes, dentre as quais destacam os SOCIAIS DEMOCRATAS que propõem um ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL (comum em democracias europeias), mas dentro de um regime democrático que convive com meios de produção privadas, estatais e mistas e que o governo haja de modo intervencionista nas questões socioeconômicas a fim de reduzir as disparidades na sociedade através de programas de distribuição de renda, governamentais de saúde, educação, previdência, habitação, etc. Por outro lado, existem aqueles inspirados no modelo soviético, os quais idealizam todos os meios de produção controlados pelo ESTADO como representante de toda população.
Distintamente, se encontra o NEOLIBERALISMO, o qual não deve ser tomado como um grupo que reivindica a paternidade desta expressão, mas o cunho dado a economistas que pregavam uma menor intervenção do governo na economia, deste a regulamentação de leis trabalhista, quanto a programas sociais e principalmente na participação na economia com empresas estatais baseados nas ideologias LIBERAIS do século XVII.
Todos os modelos recebem críticas consistentes, mas podemos ter o primeiro como intermediário aos dois “extremos”, onde figuram os direitos individuais sem que uma camada da sociedade seja colocada à margem da sociedade. Todavia, se o SOCIALISMO REAL produziram bons índices sociais (saúde, educação), também foram supressores dos direitos individuais, principalmente da liberdade de cada cidadão como a história retrata os casos de União Soviética, Cuba, Coreia do Norte, etc. Por outro lado, o NEOLIBERALISMO de Margareth Thatcher e Ronald Reagan conseguiu reavivar a economia de seus países, mas promoveram uma acentuada desigualdade social marcada pela elevação do índice de pobreza infantil da Grã-Bretanha que saltou para 34% (pior da Europa no período), a parcela da população mais rica teve sua renda aumentada em cinco vezes em relação ao aumento da população mais pobre e a desigualdade cresceu em 1/3. Mas, foi a “cartilha neoliberal” imposta pelo FMI que causou mais estragos sociais no mundo, quando “obrigava” países devedores subdesenvolvidos ou em desenvolvimento a restringirem os investimentos públicos em saúde, educação, distribuição de renda e em infraestrutura, condenando milhões de pessoas a pobreza, falta de perspectiva e atrofiando a economia local.
Contudo, no Brasil as siglas partidárias pouco significam sobre as posições ideológicas de cada partido ou em alguns casos o partido serve somente como agrupamento de políticos com diferentes ideias e tendências ou ainda a um grupo que acompanha mais ou menos quem está no governo, caso não tenha ficado muito claro, citemos o PMDB, o qual flutua entre diversas coligações conforme o oportunismo, mesmo tendo nas suas “linhas” representantes mais conservadores ou de direita, tais como os membros da bancada ruralista.
Deve salientar-se que nenhum governo consegue ser exclusivamente Neoliberal ou Social Democrata, assim mesmo que a ideologia apregoada seja uma delas, as ações governamentais acabam por realizar alguns preceitos da corrente divergente. Embora, consigamos observar a tendência predominante de cada um, exceto do PMDB.
O Brasil restabeleceu recentemente a democracia e neste período conviveu com o desastre das políticas econômicas dos governos Sarney e Collor, assim como a estabilização econômica nas sucessões Itamar/FHC e crescimento econômico e distribuição de renda Lula/Dilma.
O fim da mega inflação foi um grande marco na história do país e ainda que relacionemos alguns programas sociais neste período, eles foram relativamente sem amplitude para produzir uma queda nos índices de pobreza e desigualdades brasileiros. Do mesmo modo, que diversas políticas econômicas mais pautadas na cartilha neoliberal foram implantadas, tais como: privatizações, achatamento de salários, menor intervenção pública na economia e restrita ações sociais, assim PSDB e principalmente seu maior aliado político o partido Democratas, antigo PFL (Partido da Frente Liberal) são cunhados como partidos de Direita.
Os governos Lula e Dilma promoveram uma grande ampliação nos programas sociais, remodelando, juntando e criando novos programas, assim como aproveitaram um período de bom crescimento econômico mundial para produzir uma melhor distribuição de renda com aumentos reais nos salários, também cabe destaque programas habitacionais (Minha Casa Minha Vida), estudantis e universitários (PROUNI) e por isso cunhado de Esquerda. No entanto, conviveu com muitas características herdadas dos seus antecessores, a destacar as políticas macroeconômicas e uma reforma agrária pouco significativa, a qual encontra “meia” explicação nas alianças políticas com PMDB e PR, antiga PL (Partido Liberal).
Portanto, a insipiente teimosia em discursar que não há Direita e Esquerda ou Neoliberais e Sociais Democratas no Brasil é semelhante a afirmar que a Terra é plana e o centro do Universo. Mesmo que algumas linhas que separam PT e PSDB sejam muito tênues e que os dois partidos se encontrem mais próximo do centro na virtual linha esquerda-direita, elas marcam ainda muitos pontos distintos das política sociais e econômicas de cada um governo.

REFERÊNCIAS:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Neoliberalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo




Nenhum comentário:

Postar um comentário