sábado, 16 de maio de 2020

A GRANDE FALÁCIA DE ECONOMIA VERSUS PREVENÇÃO


Uma das grandes discussões no Brasil durante essa enorme crise provocada pela pandemia do COVID-19 é a dicotomia entre cuidar da saúde dos brasileiros com políticas de isolamentos/distanciamento horizontal versus um isolamento vertical para não destruir a economia e os empregos no país.
Fonte: https://pfarma.com.br/economia-coronavirus.html
Muitas vezes assistimos a debates sobre se não sairmos do isolamento horizontal a economia do país vai quebrar e muitos morrerão de fome, porém no caso do isolamento vertical desconsideram não só o imensurável valor da vida, mas quais serão as perdas econômicas se um grande número de pessoas morrerem com esse modelo de distanciamento, haja vista, que não se fala nesta discussão quanto tempo se leva para formar um médico, engenheiro, dentista, enfermeiro, professor, eletricista, mecânico, pedreiro, policial etc, assim como, quanto foi gasto financeiramente pelo país e pelas famílias na formação do falecido profissional.
            Não sei exatamente qual é o montante gasto para formação de um médico, engenheiro ou professor, mas não me sai da cabeça um vídeo que assisti, no canal Águias de Aço no Youtube, que comentava que a Força Aérea dos EUA estimava que a formação de um piloto de avião com experiência de 15 anos em aeronaves de combate tenha um custo de U$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de dólares), o equivalente à quase R$ 240.000.000,00 na cotação do dólar em 15 de maio de 2020.
            Então, quanto custou a formação de profissionais que passaram ao menos 12 anos na educação básica + 4 a 6 anos no curso superior + 2 a 8 anos de especialização + uns 10 anos de experiência para atingirem o auge nas carreiras?
            Quanto esse desperdício custará para a nossa sociedade? Quanto tempo precisaremos para repor tantos profissionais especializados? Qual o custo na cadeia produtiva ao substituir por mão de obra não treinadas até retornarmos à produtividade nas empresas?
            O desemprego é realmente uma grande tragédia para as famílias e para o país, mas um pai ou mãe mortos não voltam a trabalhar, não trazem mais o sustento e a educação para os filhos.
            A Segunda Guerra Mundial tirou-nos a oportunidade de ler outras grandes histórias escritas por Saint-Exupéry, a morte deixou a todos a curiosidade sobre quais outras belíssimas obras além do Pequeno Príncipe ficaram na mente deste escritor. Por outro lado, as bombas desta mesma guerra e um forte terremoto levou à destruição e falência da fábrica de anéis de pistões do sr. Soichiro Honda, seus sonhos viram entulhos, mas “morrerá” somente o “CNPJ”, não o sonho, a força e a garra do sr. Honda, o qual não desistiu e construiu uma das maiores empresas automobilísticas do mundo.
            Evidentemente, que não teremos um monte de senhores Soichiro’s no pós pandemia, mas as crises econômicas passam, mas para a morte não tem retorno, assim como não se pode minimizar a falta dos pais para uma criança.
            Imagino que todos nós queremos o retorno da normalidade de nossas vidas, a volta ao trabalho, o reencontro com nossos familiares e amigos, poder abraçar e brindar as pessoas que estimamos e muito mais. Porém, a qual custo queremos voltar ao “normal” neste momento em que a ciência e a medicina ainda não acharam um tratamento eficaz ou a cura para a COVID-19?
Portanto, não existe economia versus saúde, elas fazem parte da mesma luta humana para super essa pandemia, somente com exames em massa, dados científicos, tratamentos eficazes, rede de saúde capazes de atender a demanda... podemos falar em retorno ao normal, pois o fim do isolamento horizontal sem planejamento baseado em critérios científicos poderá prolongar uma estado de anormalidade ou nos deixar uma ferida de saudade e remorso que nunca cicatrizarão.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

O cidadão incapaz!


O cidadão brasileiro parece o filho de 30 anos que não quer sair da casa dos pais, pois tem medo de assumir a responsabilidade pela própria vida, assim prefere chegar em casa e encontrar o prato feito pela mãe na mesa, a roupa limpa e passada no guarda-roupas, não sabe quanto custa a água, o IPTU, ou seja, prefere viver tutelado pelos pais como um incapaz.
Igualmente, o brasileiro que pede a ditadura é um cidadão incapaz que prefere a tutela do Estado ao invés de buscar exercer sua cidadania, a qual, prevê direitos, mas também responsabilidade em formar uma sociedade melhor.
Desta forma, aceita passivamente ser furtado ao direito de liberdades individuais em troca de não precisar assumir as responsabilidades de uma cidadania plena.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A confusão da ideologia partidária do Brasil


Nos últimos anos ficou comum a alcunha pejorativa dos partidos políticos e até mesmo dos seus eleitores, tais como: “esquerdista safado”, jumento, gado, direitista fascista etc. Todavia, muitas vezes as ofensas acontecem sem a compreensão dos termos corretos, tão quanto a diversidade de posições que existem entre os dois polos do espectro político nacional.
O termo esquerda e direita surgiram na França na época da Revolução Francesa, quando os membros da Assembleia Nacional se sentavam em grupos conforme a ideologia dominante, assim os conservadores que apoiavam o rei ficavam à direita e o grupo simpatizantes da revolução e presidente à esquerda.
 Todavia, como todo e qualquer conceito, essa divisão ideológica dos partidos políticos sofreu mudanças de acordo com as mudanças das sociedades e a geopolítica mundial. Durante a Guerra a Fria, o mundo polarizado entre as duas potências EUA (capitalista) e URSS (comunista) praticamente impôs uma dualidade, ou seja, praticamente tínhamos os defensores do capitalismo ou do comunismo, porém com o fim do bloco soviético e a derrocada do comunismo novos cenários surgiram.
Assim como, o mundo ganhou um cenário multipolar, ainda que os EUA sobressaiam como única superpotência mundial, o Brasil saiu da ditadura militar e ganhou novos partidos, inclusive aqueles que defendiam o comunismo, os quais estavam atuando clandestinamente devido a proibição e perseguição durante os governos de Getúlio Vargas e os militares (1964-1985).
Desta forma, o Brasil saltou de dois partidos (ARENA e PMDB) no início da década de 1980 para 33 em 2020 e ainda conta mais de 70 em processo de formação deles. Assim, saímos da dualidade partidária para um universo complexo de partidos com nomes exóticos ou uma confusa “sopa de letrinhas” que abreviam os grandes nomes das siglas.
Dentro dessa enorme variedade de partidos, temos também uma grande diversidade de ideologias, por isso, resumir esse espectro somente entre esquerda X direita é uma visão restritiva ou desconhecimento das vertentes existente.
Atualmente, a esquerda liga-se mais a questões sociais e trabalhistas, enquanto a direita apresenta um cunho de liberalismo econômico e conservadorismo, principalmente em questões que contemplam visões religiosas, mas entre as duas pontas desta régua (esquerda-direita), percorremos grupos extremos (esquerda e direita), centro-esquerda ou centro-direita ou centro.
Embora, tenhamos aqui usado uma forma de classificar os partidos em cinco grupos entre a extremas direita e extrema esquerda, devemos lembrar que entre as mais de três dezenas deles registrados no Brasil, podemos perceber ainda nuances distintas entre todos. Do mesmo modo, que internamente eles possam apresentar grupo de partidários com concordância em vários pontos, mas com divergência de ideias em outros, assim como o próprio partido pode apresentar algumas pautas mais sociais e outras liberais-conservadoras.
Normalmente mais abertos ao novo e menos ligados a pautas conservadoras, os partidos de esquerda brasileiros acabaram incluindo grupos normalmente minoritários e ou excluídos nas suas conhecidas ideologias de igualdade social e proteção do trabalhador. Por outro lado, o discurso da direita inclui o liberalismo econômico com a redução do Estado, autorregulação econômica e trabalhista, e conservadorismo baseado nos preceitos religiosos, no caso brasileiro o predomínio dos conceitos cristãos (católicos e protestantes).
 No entanto, os extremistas, tanto de esquerda quanto de direita, “tendem” a possuir uma visão mais “extrema” ou inflexível das suas posições, muitas vezes não respeitando as diferenças, negando as demais perspectivas e até agindo com violência contra os “adversários”, tais como o fizeram: Fulgencio Batista, Costa e Silva,  Pinochet, Hitler, Salazar e Mussolini (direita) ou Stalin, Lenin, Chaves, Maduro, Mao Tsé-Tung e Fidel (esquerda).
No Brasil o grupo do centro passou a ser confundido com a designação “CENTRÃO” adotada para indicar o grupo de congressistas e partidos que não seguem uma ideologia clara e muitas vezes sendo apontados por seguirem a lógica do “quem dá mais”, ou seja, flutuam entre apoio ou oposição ao governo conforme acordos envolvendo cargos políticos com acesso a recursos financeiros.
Portanto, além da confusão habitual que o brasileiro faz alocando todos os partidos de esquerda como comunistas, sendo que a maioria deles adotam uma ideologia social democrata e somente uma pequena parcela são seguidoras das mesmas visões de Marx, Stalin ou Castro, também confundem um posicionamento ponderado entre os dois blocos com o grupo denominado de “Centrão” e por fim, interpretam suas visões religiosas com a visão de cidadão, atuando quase de forma impositora sobre aqueles que não seguem a mesma fé, flertando com um Estado teocrático aos moldes dos aiatolás islâmicos do Irã.