domingo, 2 de novembro de 2014

A GEOPOLÍTICA DOS COMBUSTÍVEIS




Nos últimos dois séculos a população mundial multiplicou-se em quase sete vezes, saltando de aproximadamente um bilhão de pessoas para mais de sete bilhões. Na mesma velocidade chegaram as novas tecnologias e as mudanças promovidas pelo homem no meio natural.
Todos esses ingredientes contribuíram para o surgimento de novas discussões e a partir de meados do século XX foram inseridas as questões sobre a degradação ambiental e principalmente do possível aquecimento global em virtude da crescente emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Logo surgiram diversas alternativas para contribuir com a redução da poluição atmosférica e, dentre elas, a utilização de biocombustíveis ganhou força.
Segundo a teoria do aquecimento global, a temperatura média do planeta Terra tem aumentado gradativamente devido a elevação do índice de GEE atmosférico, principalmente pela ação antrópica, ou seja, através das atividades humanas, das quais cabe destaque a utilização de combustíveis fósseis, queimadas e o desmatamento.
O petróleo e seus derivados tornaram-se os grandes vilões dos “novos” problemas ambientais e como possíveis soluções surgem os biocombustíveis ou mais corretamente denominados os agrocombustíveis, que emitem menor volume de dióxido de carbono (CO2) e ainda contribuem para captura do CO2 durante o desenvolvimento da planta que servirá para a produção do etanol ou biodiesel.
No entanto, não são unânimes as opiniões sobre a ocorrência e causas do aquecimento global, tão quanto para muitos os agrocombustíveis possuem vários pontos negativos, tais como ampliação do desmatamento, redução da biodiversidade, poluição do solo, água e ar pelas lavouras e em muitos os casos não há redução nos níveis de emissão dos poluentes.
Contudo, a maior crítica fica por conta da concorrência com as lavouras destinadas à produção de alimentos, tornado estes mais caros e inacessíveis a um enorme contingente populacional. 
O Brasil é um dos pioneiros a adotar uma política de incentivo à produção de biocombustível. O programa Pró-Álcool (1975) visualizou reduzir a dependência brasileira ao petróleo através da utilização do álcool combustível em substituição à gasolina. Já em meados da década de 2000 a nova onda era o biodiesel, alardeado pelo governo federal como o futuro promissor para o país e ao meio ambiente. No mesmo esforço buscou incluir o álcool dentro das commodities internacionais, assim ele passou a ser denominado etanol.
Porém, uma “nova era chegou” e ainda mais promissora, eis que o Brasil passa a deter uma das maiores reservas de petróleo do planeta com a descoberta do óleo na camada do pré-sal e, assim, os biocombustíveis saíram da moda no país. Mesmo com o contínuo investimento na construção de usinas produtoras de etanol e biodiesel, o foco do mudou para as plataformas de prospecção de petróleo.
Portanto, percebe-se que o interesse de se obter lucros com um novo mercado de combustível sobrepõe as questões de ordem ambiental, mesmo que isso represente a fome para um número ainda maior de pessoas. O que está em jogo nesta geopolítica internacional são o controle do preço do petróleo e seus derivados e a abertura de outra frente de acúmulo de capital. Para tanto, os problemas socioambientais são colocados em segundo plano pelos interesses dominantes, ou seja, pelo capitalismo. 

O ÓDIO AOS EXCLUíDOS: O NORDESTE FAZ PARTE DO BRASIL E ASSIM COMO O CENTRO-SUL TAMBÉM TEM O DIREITO DE ESCOLHER QUEM GOVERNARÁ O PAÍS.



Muitos estão dizendo que o Brasil saiu dividido após as eleições de 2014, para alguns ela está marcada pelo “confronto” Norte X Sul ou entre assistidos por programas governamentais versus classe média, mas estas análises carecem de profundidade.
 Primeiramente, ao afirmar que o Brasil ficou dividido, pois ele sempre esteve assim, a história nos mostra que a colonização portuguesa ocorreu fragmentada em pequenos núcleos “autônomos” e que o grande país que conhecemos foi costurado por D. Pedro I através de acordos que garantiam a permanência da escravidão em todos os rincões da “nação” e a força militar para aqueles que desejavam formar outro país.
Economicamente, os principais ciclos cana-de-açúcar, ouro, café e borracha se ocorreram em tempos e espaços diferenciados, assim a cana foi responsável pelo desenvolvimento da Zona da Mata Nordestina, o ouro produziu riqueza em Minas Gerais e por fim o café enriqueceu o Rio de Janeiro e São Paulo e mais tarde chegou a Minas Gerais, porém o apelidado ouro verde promoveu a partir de meados do século XIX a construção de ferrovias e o surgimento acanhado de um mercado consumidor regional, o qual propiciou o nascimento da indústria no Sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo.
 Enquanto o Sudeste e Sul vivenciavam o desenvolvimento industrial, científico, tecnológico e a urbanização, as regiões Norte e Nordeste estavam às margens do boom desenvolvimentistas que florescia metrópoles gigantescas na parte “rica”. Contudo, a diferença não se restringirá a tão somente a fábricas, mas também a seca, fome e pobreza traduzidos em índices perversos de mortalidade infantil, desnutridos, analfabetos, acesso à água tratada e rede de esgoto, acessam a redes de cuidados da saúde mostrando uma África dentro do país que sonha em ser EUA e Europa.
Por mais de séculos o Centro-Sul desenvolvido se enobreceu do seu desenvolvimento e olhou com desdenho e preconceito o Norte-Nordeste empobrecido por políticas públicas de exclusão, por séculos a fé foi o único alimento do sertanejo, pois não havia mais nada que diminuía o seu sofrimento.
No entanto, bastou uma eleição em que o Nordeste escolhesse um partido que lhes direcionasse mais do que “BOA SORTE” para surgir enraivados eleitores contra eles. O que estás declarações contra o Nordeste e assim também contra o nordestino não tem que possamos considera-las preconceituosas, racistas e discriminatórias.
Portanto, a divisão do Brasil é marca da sua história, porém o país não é feito só de uma região ou só de uma classe social com seus interesses. O Brasil gigante que sonho e desejo não só pela sua dimensão continental, mas que seja grande em igualdade e direitos, ou seja, que isso se mostre na qualidade de vida de TODOS OS BRASILEIROS. Todavia, devemos refletir se essa raiva demonstrada contra o Nordeste não nos aproxima do mais estupido sentimento humano, a xenofobia. Esse é um Brasil que não desejo.

A BUSCA PELO BRASIL MELHOR COMEÇAR EM ME DESCOBRIR MELHOR A CADA DIA.




As eleições brasileiras de 2014 provocaram intensas discussões sobre corrupção, ética e moral sobre os partidos políticos e seus correligionários e realmente são fatores importantes na governança do país.
No entanto, a perspectiva da ética e moral partidária demonstrou uma visão seletiva de cada grupo de eleitor, o qual normalmente enxergou exclusivamente as denúncias dos tidos adversários. Porém, não proporcionou a principal reflexão que a sociedade brasileira precisava fazer: a ética, moral e corrupção de cada um de nós.
Se podemos claramente apontar que os políticos brasileiros são corruptos, não podemos nos esquecer de que estes são também reflexos da sociedade que representam, ou seja, nossos políticos são exatamente o que é nossa sociedade!
Rapidamente, muitos irão exclamar: eu não roubei recursos públicos, não desviei dinheiro e não corrompi ninguém! Talvez você esteja dizendo a verdade, pelos menos na sua concepção de valores éticos e morais.
Contudo, a nossa restrita percepção do que é corrupção faz igual a um amigo que encontrei recentemente na fila do banco, o qual chegou quase na hora da agência fechar e declarou: “ainda bem que encontrei uma vaga para estacionar por aqui, se não teria que parar na faixa amarela mesmo”. Por outro lado, esse mesmo “meio” cidadão se comportava como um leão justiceiro dos valores morais nas redes sociais, denunciando e xingado todos aqueles que são integrantes ou pretendiam votar no partido Y.
Infelizmente, sejamos honestos, pelo menos no nosso íntimo! NÓS SOMOS CORRUPTOS! Isso mesmo, vamos repetir! EU, VOCÊ, E PRATICAMENTE QUASE TODO BRASIL comete delitos todos os dias.
Sim! Mas, qual delito?
Ah! Estacionamos na faixa amarela, nas vagas exclusivas, sentamos nos lugares reservados para pessoas com necessidades especiais ou idosas, “furamos o sinal “vermelho”, tentamos convencer o agente de trânsito de não aplicar a multa que merecíamos, xingamos o governante pelo radar de velocidade que insisto em não respeitar, aplicamos na empresa aquele atestado ...., não pagamos os direitos dos funcionários, “furamos” fila, tentamos passar na frente do agendamento de consultas médicas com nosso jeitinho brasileiro ou com a “amizade” de um vereador, amealhamos um “carguinho” público por indicação ao trabalhar na campanha eleitoral... Bem! Poderemos lotar páginas de valores imorais presentes na nossa sociedade, corrompemos e somos corrompidos quase que diariamente, mas queremos políticos melhores.
Não pense que concordo com frase que cada povo tem o político que merece, mas poderíamos reescrevê-la assim: Cada povo tem o político que é a sua cara. Portanto, se desejamos políticos melhores devemos nos melhorar a cada dia, não ficar a espera de um milagre, torcendo para que uma Madre Tereza ou Irmã Dulce reencarne para instituir ética no Brasil.

PONTOS POSITIVOS DAS ELEIÇÕES 2014



Encerradas as eleições 2014 é hora de fazermos um balanço dos pontos positivos e negativos do período eleitoral e político, assim poderemos ter uma visão mais realista e menos pessimista das disputas.
Todavia, não entraremos na discussão sobre melhor opção ou azul versus vermelho, mas analisaremos primeiramente tudo que ocorreu neste “confronto”.
A televisão, talvez tenha ficado para um segundo plano entre os eleitores, mesmo os debates promovidos pelos canais abertos não demonstraram a repercussão de outrora, há não ser pela “chuva” de acusações nas campanhas televisivas e em casos específicos de algumas entrevistas concedidas aos jornais que geraram mais do que tudo, inúmeras postagens na “net”.
O acesso mais universal à internet tornou as redes sociais um ambiente fervoroso no embate, disseminação de ideias, denúncias e calunias por todos os lados, o que nem sempre contribuiu para o esclarecimento dos indecisos, os quais ficaram mais perdidos no meio da “briga de foice na escuridão”.
Provavelmente, dentre as redes sociais, o Facebook foi o que mais propagou ideologias políticas, mas também onde mais se viu a divisão dos eleitores, sendo que em muitos casos as divergentes visões levaram a discussões e inclusive ofensas entre eleitores e “ex-amigos”.
No entanto, o ponto mais positivo desta eleição foi o maior envolvimento da população na política e nos temas de interesse no desenvolvimento do país, talvez isso se resfrie ao longo dos próximos quatro anos, mas pode ser um ponto de partida no despertar da cidadania do brasileiro.