Muitos estão dizendo que o Brasil saiu dividido
após as eleições de 2014, para alguns ela está marcada pelo “confronto” Norte X
Sul ou entre assistidos por programas governamentais versus classe média, mas
estas análises carecem de profundidade.
Primeiramente, ao afirmar que o Brasil ficou
dividido, pois ele sempre esteve assim, a história nos mostra que a colonização
portuguesa ocorreu fragmentada em pequenos núcleos “autônomos” e que o grande
país que conhecemos foi costurado por D. Pedro I através de acordos que
garantiam a permanência da escravidão em todos os rincões da “nação” e a força
militar para aqueles que desejavam formar outro país.
Economicamente, os principais ciclos
cana-de-açúcar, ouro, café e borracha se ocorreram em tempos e espaços
diferenciados, assim a cana foi responsável pelo desenvolvimento da Zona da
Mata Nordestina, o ouro produziu riqueza em Minas Gerais e por fim o café
enriqueceu o Rio de Janeiro e São Paulo e mais tarde chegou a Minas Gerais,
porém o apelidado ouro verde promoveu a partir de meados do século XIX a
construção de ferrovias e o surgimento acanhado de um mercado consumidor
regional, o qual propiciou o nascimento da indústria no Sudeste, principalmente
no eixo Rio-São Paulo.
Enquanto o
Sudeste e Sul vivenciavam o desenvolvimento industrial, científico, tecnológico
e a urbanização, as regiões Norte e Nordeste estavam às margens do boom
desenvolvimentistas que florescia metrópoles gigantescas na parte “rica”.
Contudo, a diferença não se restringirá a tão somente a fábricas, mas também a
seca, fome e pobreza traduzidos em índices perversos de mortalidade infantil,
desnutridos, analfabetos, acesso à água tratada e rede de esgoto, acessam a
redes de cuidados da saúde mostrando uma África dentro do país que sonha em ser
EUA e Europa.
Por mais de séculos o Centro-Sul desenvolvido se
enobreceu do seu desenvolvimento e olhou com desdenho e preconceito o
Norte-Nordeste empobrecido por políticas públicas de exclusão, por séculos a fé
foi o único alimento do sertanejo, pois não havia mais nada que diminuía o seu
sofrimento.
No entanto, bastou uma eleição em que o Nordeste
escolhesse um partido que lhes direcionasse mais do que “BOA SORTE” para surgir
enraivados eleitores contra eles. O que estás declarações contra o Nordeste e
assim também contra o nordestino não tem que possamos considera-las
preconceituosas, racistas e discriminatórias.
Portanto, a divisão do Brasil é marca da sua
história, porém o país não é feito só de uma região ou só de uma classe social
com seus interesses. O Brasil gigante que sonho e desejo não só pela sua
dimensão continental, mas que seja grande em igualdade e direitos, ou seja, que
isso se mostre na qualidade de vida de TODOS OS BRASILEIROS. Todavia, devemos
refletir se essa raiva demonstrada contra o Nordeste não nos aproxima do mais
estupido sentimento humano, a xenofobia. Esse é um Brasil que não desejo.
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