Nos últimos dois séculos a população mundial multiplicou-se em
quase sete vezes, saltando de aproximadamente um bilhão de pessoas para mais de
sete bilhões. Na mesma velocidade chegaram as novas tecnologias e as mudanças
promovidas pelo homem no meio natural.
Todos esses ingredientes contribuíram para o surgimento de novas
discussões e a partir de meados do século XX foram inseridas as questões sobre
a degradação ambiental e principalmente do possível aquecimento global em virtude
da crescente emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Logo surgiram diversas
alternativas para contribuir com a redução da poluição atmosférica e, dentre
elas, a utilização de biocombustíveis ganhou força.
Segundo a teoria do aquecimento global, a temperatura média do
planeta Terra tem aumentado gradativamente devido a elevação do índice de GEE atmosférico,
principalmente pela ação antrópica, ou seja, através das atividades humanas, das
quais cabe destaque a utilização de combustíveis fósseis, queimadas e o
desmatamento.
O petróleo e seus derivados tornaram-se os grandes vilões dos
“novos” problemas ambientais e como possíveis soluções surgem os
biocombustíveis ou mais corretamente denominados os agrocombustíveis, que
emitem menor volume de dióxido de carbono (CO2) e ainda contribuem
para captura do CO2 durante o desenvolvimento da planta que servirá
para a produção do etanol ou biodiesel.
No entanto, não são unânimes as opiniões sobre a ocorrência e
causas do aquecimento global, tão quanto para muitos os agrocombustíveis
possuem vários pontos negativos, tais como ampliação do desmatamento, redução
da biodiversidade, poluição do solo, água e ar pelas lavouras e em muitos os
casos não há redução nos níveis de emissão dos poluentes.
Contudo, a maior crítica fica por conta da concorrência com as
lavouras destinadas à produção de alimentos, tornado estes mais caros e
inacessíveis a um enorme contingente populacional.
O Brasil é um dos pioneiros a adotar
uma política de incentivo à produção de biocombustível. O programa Pró-Álcool (1975)
visualizou reduzir a dependência brasileira ao petróleo através da utilização
do álcool combustível em substituição à gasolina. Já em meados da década de 2000 a nova onda era o
biodiesel, alardeado pelo governo federal como o futuro promissor para o país e
ao meio ambiente. No mesmo esforço buscou incluir o álcool dentro das
commodities internacionais, assim ele passou a ser denominado etanol.
Porém, uma “nova era chegou” e ainda
mais promissora, eis que o Brasil passa a deter uma das maiores reservas de
petróleo do planeta com a descoberta do óleo na camada do pré-sal e, assim, os
biocombustíveis saíram da moda no país. Mesmo com o contínuo investimento na
construção de usinas produtoras de etanol e biodiesel, o foco do mudou para as
plataformas de prospecção de petróleo.
Portanto, percebe-se que o interesse de se obter lucros com um
novo mercado de combustível sobrepõe as questões de ordem ambiental, mesmo que
isso represente a fome para um número ainda maior de pessoas. O que está em
jogo nesta geopolítica internacional são o controle do preço do petróleo e seus
derivados e a abertura de outra frente de acúmulo de capital. Para tanto, os
problemas socioambientais são colocados em segundo plano pelos interesses
dominantes, ou seja, pelo capitalismo.
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